20 séculos de Igreja Cristã

20 séculos de Igreja Cristã
do século I ao século XXI

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

3. VIAGENS DE PAULO

“... já que terminei o meu trabalho nessas regiões e como há muitos anos tenho pensado em ver vocês, espero fazer isto agora. Gostaria de vê-los quando fizer a minha viagem para a Espanha. Gostaria também que vocês me ajudassem a ir até lá, depois de eu ter o prazer de estar com vocês por algum tempo.” (Romanos 15.23-24, Nova Tradução na Linguagem de Hoje)

As viagens missionárias de Paulo são por demais conhecidas e estudadas e elas constituem o momento no qual o evangelho deixou as regiões judaicas (Jerusalém, Judeia e Samaria) e iniciou sua expansão, visando a chegar até os confins da terra, conforme o trajeto geográfico proposto por Jesus Cristo. Quantas viagens missionárias realizou Paulo?
Segundo o relato de Atos, Paulo empreendeu três viagens missionárias, mas existem motivos para se crer que ele fez uma quarta viagem depois de ser liberto da prisão domiciliar narrada em Atos 28. Ao escrever aos irmãos romanos, Paulo revela seu desejo de fazer uma viagem à Espanha, tendo como ponto de partida a cidade de Roma, onde pretendia conhecer aquela congregação que ainda não conhecia. A sequência do texto tem sua base na Bíblia de Estudos NVI, a qual, nas páginas 2070 e 2071, apresenta evidências históricas para as afirmações, além de um mapa com o possível roteiro da viagem de Paulo à Espanha. Assim, entre os anos 62 e 68 do primeiro século, antes de sua prisão definitiva que levou o apóstolo à decapitação sob Nero, o estudo feito pela Bíblia mencionada cita três razões para que os pesquisadores dos comentários chegassem à conclusão sobre a 4ª viagem missionária de Paulo. São elas:
a)      Intenção declarada de Paulo quanto a viajar para a Espanha, conforme Romanos 15.24-28.
b)      Insinuação de Eusébio (um dos Pais da Igreja) de que Paulo foi solto depois do primeiro encarceramento em Roma.
c)       Declarações dos escritos cristãos primitivos (Clemente de Roma em sua Epístola aos Coríntios, além de outros) de que ele levou o evangelho até a Espanha.
Segundo a fonte de estudos citada, “os lugares que Paulo pode ter visitado depois de liberto da prisão são deduzidos pela intenção declarada em seus escritos mais antigos e pela menção subsequente nas cartas pastorais.” Embora a ordem exata das suas viagens não possa ser precisada, o itinerário sugerido e citado a seguir parece bastante provável:
·         Roma – Paulo solto da prisão em 62 d.C.

·         Espanha – 62-64 (Romanos 15.24-28)

·         Creta – 64-65 (Tito 1.5)

·         Mileto – 65 (II Timóteo 4.20)

·         Colossos – 66 (Filemon 22)

·         Éfeso 66 – (I Timóteo 1.3)

·         Filipos 66 – (Filipenses 2.23-24; I Timóteo 1.3)

·         Nicópolis – 66-67 (Tito 3.12)

·         Roma – 67

·         Martírio – 67-68
Atos dos Apóstolos representa o relato histórico da história do início da Igreja, começando por volta do ano 30 e chegando a 62 ou 63 do primeiro século, data que corresponde à prisão de Paulo em Roma. Segundo o relato bíblico, Paulo empreendeu três viagens pregando o evangelho, e uma quarta, na qual foi levado cativo a Roma após ter apelado para julgamento diante de César. Os fatos históricos relativos à Igreja continuam após o último verso de Atos 28, e Paulo tem cinco a seis anos de vida, tempo suficiente para a quarta viagem missionária à Espanha.
A importância do apóstolo Paulo para a divulgação inicial do evangelho entre os gentios é tão grande, que houve quem afirmasse que Paulo tomou a mensagem simples de Jesus e dela criou algo totalmente diferente, ou seja, o “cristianismo”. Em outras palavras, Paulo teria sido o verdadeiro criador da Igreja como ela é hoje. Discutindo este assunto, a Bíblia de Estudos NVI voltada para a arqueologia (1ª edição em português de maio de 2013) discute a falha desses argumentos, mostrando que toda a inspiração paulina proveio do Senhor Jesus. Encerrando um artigo sobre o assunto, o último parágrafo questiona uma série de aspectos com relação ao Reino de Deus, dizendo o seguinte:
“Igualmente importante é a convergência entre Jesus e Paulo sobre as características da vida do Reino. Onde Paulo aprendeu a absoluta centralidade do mandamento do amor? Onde aprendeu que os cristãos devem amar até mesmos inimigos? Onde, na verdade, aprendeu a abolir os valores tradicionais da sociedade e alegremente assumir o papel de servo? Onde, por fim, aprendeu que a cruz foi o caminho paradoxal que Deus escolheu para a vitória, pela qual Deus trouxe vida nova ao mundo? A resposta óbvia a todas essas perguntas é: dos ensinamentos de Jesus, o autor de nossa fé.”
Que a vida, o ministério e a obra do apóstolo Paulo nos inspire a colaborar, cada qual na sua área de atuação, com a expansão do Reino de Deus neste mundo como servos, diáconos na acepção original da palavra, e que o façamos com “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” e que Paulo tão bem soube imitar, fazendo a obra e atribuindo todo o louvor a Deus:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.  Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.  Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.5-11)
A Era Apostólica encerrou-se no ano 100, marcando a presença física dos apóstolos neste mundo. Há ainda acontecimentos históricos com a Igreja que ainda não foram abordados até aqui e que constituirão o assunto a ser tratado no próximo segmento.

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