20 séculos de Igreja Cristã

20 séculos de Igreja Cristã
do século I ao século XXI

sexta-feira, 22 de abril de 2016

42. OS DESPERTAMENTOS DO SÉCULO XX

“Em Deus está a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha fortaleza e o meu refúgio estão em Deus”. (Salmos 62:7)

O século XX foi marcado por grandes eventos mundiais, que tendiam para a globalização e que tiveram seus reflexos na atuação da Igreja. Duas guerras mundiais, o comunismo (refletido principalmente nas revoluções russa e chinesa), a expansão da economia mundial na geração do atual consumismo, o crescimento da mídia (com o aparecimento do rádio, do cinema, da TV, do computador e da internet), a emergência feminina para uma maior visibilidade pública foram alguns fatores que fizeram os movimentos de reavivamento mudar sua forma de efetivação.
O reavivamento acontecido no País de Gales, em 1904, deu início ao despertamento no século XX. Liderado por Evan Roberts, um jovem de 26 anos, a partir da pequena cidade de Loughor, em poucos meses Roberts transformou o país, mais de cem mil pessoas aceitaram o senhorio de Jesus Cristo e a notícia se espalhou ao redor do mundo. Os galeses da Pensilvânia, nos Estados Unidos, realizaram movimento semelhante no país e, por volta de 1905, locais como Brooklyn, Michigan, Denver, Nebraska, Carolina do Norte e do Sul, Geórgia, bem como as Universidades Taylor e Yale foram envolvidos.
Paul Rader, pregador e radialista norte-americano, viveu o início da era do rádio, na década de 1920, e afirmou: “Não há nada na Bíblia que diga que o mundo deva ir à igreja; mas tudo na Bíblia diz para a Igreja ir até o mundo! O rádio leva o Evangelho para os que não vão à igreja!” Em 1922, houve a primeira transmissão de rádio nos Estados Unidos, marcando o início de pequenas estações radiofônicas de curto alcance, incluindo programas de variedades e religiosos. Em 1924, existiam no país 600 emissoras de rádio e, no mesmo ano, a evangelista Aimée Semple McPherson, fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular, passou a transmitir os cultos em sua própria emissora, a partir de seu Angelus Temple em Los Angeles. McPherson abriu importante espaço para pregadores pentecostais ao aliar espetáculo, dramaticidade, cura divina e pregação em seus programas. Utilizando-se de diferentes estratégias para divulgar seu ministério, ela dirigia o “Gospel Car” durante suas viagens; caminhão, panfletos lançados de avião, participação em paradas com carro alegórico, sermões gravados vendidos ou distribuídos, muitos foram os recursos usados por McPherson, tendo deixado uma história de criatividade no evangelismo americano.
Oferecendo tantos recursos novos, o século teve grandes pregadores de grandes cruzadas, começando com Billy Sunday. William Ashley Sunday (1862-1935) viveu parte de sua infância em um orfanato, tendo abandonado a escolaridade normal para se tornar jogador de “basebol”, com uma carreira bem-sucedida de esportista por oito anos. Convertido em Chicago e casado, iniciou sua carreira de pregador ainda no final do século XIX.  Ordenado ministro presbiteriano em 1903, promoveu campanhas na primeira metade do século XX, com grandes auditórios sendo alcançados e milhares de conversões para Cristo.
O Fundamentalismo Cristão, fruto do século XX, surgiu nos Estados Unidos, em uma época na qual o cristianismo histórico enfrentava os efeitos deformantes da teologia liberal. Em cinco pontos, a crença fundamentalista inicial pode ser assim enunciada: a. inerrância (ou veracidade) das Escrituras; b. nascimento virginal de Cristo; c. expiação vicária de Cristo na cruz; d. ressurreição corpórea e segunda vinda de Cristo; e. historicidade dos milagres bíblicos. O Seminário Teológico Fuller foi importante para se criar um sentimento de unidade entre protestantes conservadores, sem levar em conta diferenças denominacionais, incentivando a pregação de um Deus vivo e preocupado com as aflições cotidianas das pessoas. Nessa linha conservadora, surgiu, no final da década de 1940, um líder que se tornou a face mais popular do fundamentalismo americano: Billy Graham.
Tendo estudado em importantes escolas, como Universidade Bob Jones e Wheaton College, William Franklin Graham Jr., nascido em 1918, atraiu a atenção da imprensa nacional em sua primeira cruzada evangelística em Los Angeles, em 1949, incentivado por Charles Fuller. Mensagem de arrependimento pessoal, visual arrojado e pregação vigorosa eram sua marca. Suas campanhas eram bem coordenadas e metódicas, com publicidade, treinamento de voluntários e encontros de oração. Falando ao coração de pessoas comuns, Graham dizia coisas como: “Não se trata de quantas almas você ganhou (para Cristo), quão grandes foram os encontros de que você participou. Trata-se do fato de você ter ou não sido fiel no lugar em que Deus o colocou. Se Deus o colocou para vender pneus de automóvel e você os vende com toda fé perante o Senhor e dá testemunho de Cristo em cada um, você ganhará a coroa!” No início da década de 1950, Graham começou a transmitir pelo rádio o programa “Hora de Decisão”. Em 1957, Billy Graham realizou uma gigantesca cruzada em Nova York, planejando-a com antecedência e com resultados bem-sucedidos. Billy Graham pregou no Brasil, no estádio do Maracanã lotado, por ocasião da reunião da Aliança Batista Mundial em 1960. Visando à edificação dos novos evangélicos recém-convertidos, Graham e Harold Ockenga criaram a revista Christianity Today em 1956, publicação que existe até hoje, com edição em português. Graham foi conselheiro espiritual de vários presidentes americanos, estando ligado à Convenção Batista do Sul dos EUA. Aproveitando-se do avanço da mídia nos últimos tempos, Graham já pregou pessoalmente para mais pessoas do que qualquer pregador da história ao redor do mundo, tendo superado, no presente século, a marca de dois bilhões de pessoas que já ouviram a mensagem do evangelho por seu intermédio.
A partir da década de 1960, televangelistas consolidaram seu espaço como formadores de opinião, começando com o pentecostal Pat Robertson nos Estados Unidos, que inaugurou seu próprio canal de TV, a Christian Broadcasting Network. Atualmente, boa parte dos pregadores evangélicos são polivalentes; além de possuírem programas de rádio, TV, utilizam livros, revistas, palestras, conferências, cruzadas, sermões gravados, bem como outros produtos disponibilizados em endereços na internet.
Os reavivamentos surgem durante tempos de declínio moral e espiritual, o que leva o povo de Deus a orar com intensidade. Drogas, pornografia, aborto, homossexualismo, além de outros fatores, são ataques modernos à sociedade, com reflexos diretos sobre as famílias que a constituem, provocando declínio moral e espiritual. A Igreja precisa estar alerta e em oração, em constante reavivamento, para que a fé seja mantida, divulgada e cresça, apesar das dificuldades. Muito ainda poderia ser dito sobre o assunto, mas reservamos os próximos fascículos para entender o maior de todos os movimentos de reavivamento, despertamento ou renovação carismática do século XX: o Pentecostalismo.

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