20 séculos de Igreja Cristã

20 séculos de Igreja Cristã
do século I ao século XXI

sexta-feira, 22 de abril de 2016

40. A IGREJA E AS SEITAS

“Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”. (Atos 1.6b-7)

Segundo Wayne Gruden, “profetizar é dizer algo que Deus traz de modo espontâneo à mente”. A definição amplia a ideia de que profecia é um relato no qual se afirma prever acontecimentos futuros, segundo comumente se crê, mas não a elimina. O texto acima refere-se a uma pergunta sobre previsão futura profética feita por Cristo e sua resposta aos discípulos, antes de ascender aos céus. O relato a seguir tem a ver com esta profecia.
William Miller, um fazendeiro americano, oriundo de uma família ligada à igreja batista, após conversão na década de 1810, começou a ler a Bíblia, principalmente Daniel e Apocalipse, muito interessado em profecias futuras. Procurava ele descobrir a data da volta de Cristo e do final dos tempos. Após leitura, comparações históricas e cálculos realizados, o ano encontrado foi 1843 para o segundo advento de Cristo. Desde então, autorizado por sua igreja batista, saiu a proclamar o advento por toda a costa leste dos EUA. O movimento se espalhou, ganhando muitos adeptos. Com o passar dos anos, ao chegar 1843, não ocorreu a volta de Cristo. Miller, então, refazendo as contas, marcou o evento para o dia 22/10/1844. Naquele dia, milhares de pessoas, vestidas de branco, passaram a noite toda esperando a volta de Cristo e ficaram novamente decepcionadas, porque nada ocorreu. A partir de então, segundo explicam os adventistas, três grupos se formaram: no primeiro, alguns membros do movimento o abandonaram, regressando às suas igrejas de origem; no segundo grupo, pessoas desiludidas com os acontecimentos abandonaram a fé; o último grupo, os que ficaram, procurou encontrar resposta para a falha na previsão. Após pesquisas, contas e orações a partir de 1844, o grupo chamado de adventista ouviu de um dos integrantes, chamado Hiram Edson, sua visão: “Vi distinta e claramente que o nosso Sumo Sacerdote, em vez de sair do lugar santo do santuário celeste, para vir à terra no dia sétimo do mês, ao fim de dois mil e trezentos dias, entrava naquele dia pela primeira vez no segundo compartimento do santuário e tinha uma obra a realizar no lugar santíssimo antes de voltar à terra”. Segundo a visão, o santuário mencionado em Daniel está no céu e não na terra. Cristo teria ido na data prevista para esse santuário celestial. A sua volta para a purificação do santuário na terra depende do complemento da obra no santuário celestial. A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem seu nome dado em função da história relatada, bem como da santificação do dia do sábado. Na sua doutrina sobre a vida cristã, os adventistas afirmam que Deus, “que deseja que vivamos em plenitude e equilíbrio”, ordenou que consumamos “somente aquilo que alimenta nosso corpo e mente”.  Por isso, mantêm os adventistas orientações estritas quanto à alimentação. Outro fator preponderante na fé adventista é a crença contínua em profecias, tendo em Ellen White uma profetisa muito importante. 
As Testemunhas de Jeová constituem uma igreja fundada por Charles Taze Russell, o qual, acompanhado de alguns seguidores, formou um pequeno grupo de estudos da Bíblia, em Allegheny (hoje Pittsburg, Pensilvânia), nos Estados Unidos. Para publicar as suas pesquisas bíblicas, Russell começou a publicar A Sentinela, formando grupos de Estudantes Internacionais da Bíblia entre as pessoas que recebiam a revista. As Testemunhas de Jeová são uma denominação que possui adeptos em 240 países e territórios, com cerca de 8 milhões de praticantes. Seus seguidores são conhecidos pelo trabalho regular e persistente de pregação das duplas, de casa em casa, nas ruas e em locais públicos, testemunhando de seus princípios e dogmas. Chamando a Deus de “Jeová”, a igreja é cristã, possuindo, porém, sobre Jesus uma compreensão diferente das demais igrejas. Do portal das Testemunhas de Jeová copiamos o seguinte texto: “Seguimos os ensinos e o exemplo de Jesus Cristo. Nós o consideramos como nosso Salvador e o Filho de Deus. (...) Mas aprendemos na Bíblia que Cristo não é o Deus Todo-Poderoso, ou seja, a Bíblia não apoia a doutrina da Trindade". Com relação ao Reino de Deus, crê a igreja que, para reinar com Jesus no seu Reino, 144.000 pessoas serão ressuscitadas. Após completado o número, Deus abençoará aos crentes que excederem o número bíblico com saúde perfeita e vida eterna num paraíso na Terra. Com relação à morte, afirmam eles que Deus vai trazer bilhões de pessoas de volta à vida por meio da ressurreição e, após isso, os que se recusam a fazer o que Deus quer serão destruídos para sempre, sem qualquer esperança de ressurreição. Não creem eles em um inferno de fogo. Quanto a valores da vida material, existe um apego (baseado na Bíblia, segundo a igreja), principalmente quanto à neutralidade política, à moralidade sexual e à recusa em aceitar transfusões de sangue.
A história da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias começa na primavera de 1820, com Joseph Smith Jr., aos quatorze anos de idade, buscando saber qual era a "igreja verdadeira". Smith afirmou ter tido uma visão do Pai Celestial e de seu Filho, Jesus Cristo, na qual Deus Pai lhe disse: “Este é Meu Filho Amado. Ouve-o!” A orientação era para ele não se unir a nenhuma das igrejas existentes naquele tempo, pois a igreja de Jesus Cristo não estava na terra. Numa segunda visão, Morôni teria aparecido a Smith na forma de um anjo, falando-lhe sobre um livro escrito em placas de ouro em caracteres até então desconhecidos, que posteriormente ele traduziu, o “Livro de Mórmon”. Juntamente com a Bíblia, Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor, o Livro de Mórmon é considerado escritura divina para os santos. Seguiram-se outras visões e eventos até que a igreja fosse organizada em 1830, com apenas 6 pessoas (número mínimo exigido pela lei americana). Brigham Young foi o líder que dirigiu o povo até a região central dos EUA, no atual estado de Utah.  A mensagem da Igreja conquistou não apenas seguidores como também inimigos políticos e religiosos. Embora a salvação em Cristo esteja presente, existe toda uma série de doutrinas e de fatos na crença mórmon que não são encontrados em outras igrejas cristãs. 
David Koresh e o Ramo Davidiano, Jim Jones e o Povo do Templo e outros são exemplos de seitas destrutivas do século XX. De acordo com os dicionários, seitas são doutrinas ou sistemas que divergem da opinião geral, geralmente presentes em comunidades fechadas, de cunho radical. Os três exemplos estudados se enquadram na definição, bem como, em alguns aspectos, certos grupos modernos, como o da Congregação Cristã no Brasil, por exemplo, ao divergirem da opinião geral na afirmação de que são os únicos que defendem a verdade. Sectário é o grupo que se separa do todo, cortando sua história de origem das demais, como sendo o único dono da verdade evangélica.  

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