Renascimento, imprensa, queda de Constantinopla, grandes navegações oceânicas, Reforma Protestante e outros fatores foram causas das mudanças experimentadas pelo mundo ocidental a partir do século XV, mudanças essas que trouxeram grandes conquistas para a humanidade, mas que também causaram inúmeros problemas. A Igreja sofreu grandes consequências dessas mudanças, numa revolução que foi abordada no texto passado. O texto atual focaliza os inimigos que a fé cristã enfrentou, em decorrência de sua participação no processo de entrada na Era Moderna. De acordo com o historiador Earl Cairns, quatro são os inimigos da fé surgidos nos últimos séculos: a crítica bíblica, o materialismo, a evolução que se se opõe ao criacionismo e o comunismo.
Se um adepto da leitura crítica da Bíblia discutir a interpretação de algum texto bíblico com outra pessoa que crê na inspiração e na integralidade da Palavra, será difícil o acordo, porque cada um se baseará em concepções diferentes. A crítica bíblica vê as Escrituras como como um livro escrito por autores humanos e não aceita a inspiração do Espírito Santo na elaboração de seu conteúdo. A crítica nega a revelação sobrenatural da Bíblia e a vê como um relato da evolução subjetiva da religião na consciência humana. Alguns teólogos dessa linha aceitam uma visão crítica do Novo Testamento e consideram os ensinos éticos de Jesus como a essência do evangelho, bem como creem que Paulo transformou a religião ética de Jesus em uma religião redentora. Da Alemanha, berço da Reforma, a crítica se espalhou para as Ilhas Britânicas e para a América do Norte.
Se um adepto da leitura crítica da Bíblia discutir a interpretação de algum texto bíblico com outra pessoa que crê na inspiração e na integralidade da Palavra, será difícil o acordo, porque cada um se baseará em concepções diferentes. A crítica bíblica vê as Escrituras como como um livro escrito por autores humanos e não aceita a inspiração do Espírito Santo na elaboração de seu conteúdo. A crítica nega a revelação sobrenatural da Bíblia e a vê como um relato da evolução subjetiva da religião na consciência humana. Alguns teólogos dessa linha aceitam uma visão crítica do Novo Testamento e consideram os ensinos éticos de Jesus como a essência do evangelho, bem como creem que Paulo transformou a religião ética de Jesus em uma religião redentora. Da Alemanha, berço da Reforma, a crítica se espalhou para as Ilhas Britânicas e para a América do Norte.
O materialismo, mais sutil que a crítica bíblica, pode ser entendido como a prática comum na sociedade moderna de buscar valores materiais para um alto padrão de vida. Na proporção em que as atenções do homem se encontram nesta vida, ele não considera os valores espirituais da eternidade. A fé foi substituída pela razão e a preocupação básica do homem não era mais com a vida futura, mas com a felicidade e a satisfação neste mundo. A mente do homem, e não a fé, era o melhor guia para a felicidade; nada de emoções, mitos ou superstições.
A teoria da evolução de Charles Darwin (1809-1882) e seus sucessores resultou na ideia de que o pecado era apenas um resquício do instinto animal no homem. Essa tese da “descendência com mudança” de Darwin, que implica na continuidade entre o homem e o animal, se opõe ao conceito bíblico de criação especial por Deus, ou seja, a descontinuidade, com a estabilidade dos grupos por Ele criados. Darwin ignorou a existência singular do cérebro humano, a faculdade da fala, a memória, a consciência e a noção de Deus e da alma como fatos importantes a serem considerados quando insistiu na semelhança entre o homem e os animais. Darwin mesmo reconheceu que consciência, Deus e alma eram conceitos problemáticos para a sua teoria. Quando a teoria foi aplicada ao desenvolvimento da religião, Deus e a Bíblia passaram a ser vistos como produtos evolutivos da consciência religiosa do homem. Outras áreas da fé religiosa também foram abaladas, como a escatologia bíblica e a necessidade de Cristo como Salvador. Ideias problemáticas em áreas exteriores à região também têm sido desenvolvidas a partir da teoria, como a da superioridade racial e a da falta de necessidade da ética.
O socialismo também tem sido um dos grandes inimigos da fé a partir do século XIX. Karl Marx e Friedrich Engels lançaram o Manifesto Comunista em 1848. Não há nele lugar para Deus ou para a Bíblia, e padrões absolutos no sistema são desconsiderados, pois “a religião é o ópio do Povo”, segundo creem os socialistas. O socialismo cristão foi desenvolvido na Inglaterra e na Escandinávia, por pensadores que favoreceram uma forma mais suave de socialismo, desenvolvido através de cooperativas, centro de treinamento para operários e sindicatos de trabalhadores, em substituição ao controle do Capital pelo Estado.
A crítica bíblica, a teoria darwiniana da evolução e outras teses sociais e intelectuais deram origem ao liberalismo religioso no fim do século XIX. Teólogos liberais têm aplicado a evolução à religião como chave que poderia explicar o seu desenvolvimento. Afirmam eles que, pela continuidade da experiência religiosa humana, a religião se torna um simples produto de uma evolução, sem considerar a revelação de Deus através de Cristo e da Bíblia. A experiência na vida cristã é mais valorizada do que a teologia. O cristianismo conservador tem lutado contra essas ideias liberais e nessa luta aparece o teólogo Karl Barth como opositor a várias formas de socialismo e liberalismo.
Todos esses fatores acabaram levando a teologia a desenvolver o deísmo, que rejeitava tudo o que parecesse ser interferência de Deus no mundo, como as revelações e os milagres presentes na Bíblia, por exemplo. O deísmo é uma posição filosófica naturalista que acredita na criação do universo por uma inteligência superior (Deus ou não), através da razão, do livre pensamento e da experiência pessoal.
A existência de um Criador ou Organizador do Universo (comparável ao Demiurgo do filósofo grego Platão) é o ponto de partida da filosofia deísta. Em resumo: um deísta é aquele que está inclinado a aceitar a existência de um criador, mas não pratica nenhuma religião, não negando a realidade de um mundo completamente regido pelas leis naturais e físicas. A interpretação de Deus pode variar para cada deísta.
O mais influente propagandista do deísmo foi Voltaire (1694-1778), ligado ao Iluminismo francês. A lista de deístas famosos na história é longa, podendo ser destacados: Adam Smith (1723-1790), filósofo e economista escocês, considerado o pai da economia moderna; Benjamin Franklin (1706- 1790), intelectual americano, um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos da América; George Washington (1732-1799), o primeiro presidente dos Estados Unidos da América; Mark Twain (1835 -1910), escritor norte-americano; Maximilien Robespierre (1758-1794), revolucionário ligado à Revolução Francesa; Thomas Jefferson, autor da Declaração de Independência, outro dos Pais Fundadores dos Estados Unidos e o 3º presidente dos Estados Unidos; Victor Hugo (1802-1885), escritor, artista, ativista e estadista francês.
À fria ortodoxia do deísmo, a igreja respondeu com movimentos de piedade religiosa e de volta à crença em um Deus pessoal, que se preocupa com suas criaturas humanas e deseja vê-las de volta à sua presença na forma de filhos. O surgimento do Pietismo será o assunto do próximo segmento.
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