Com o advento da Reforma, Catolicismo e Protestantismo seguiram separados e diferenciados quanto às missões a outros povos. O catolicismo romano, mais organizado havia séculos, deu sequência à sua catequese, atingindo até mesmo a América. Os protestantes, em fase de organização, levaram algum tempo até se lançarem aos campos missionários. A ação missionária mais abrangente teve início na Morávia.
Conforme já foi abordado, o fervor dos Irmãos Morávios por missões começou com uma forte ênfase na oração: em 1727, 24 homens e 24 mulheres comprometeram-se em uma vigília contínua de oração. Índias Ocidentais, Groenlândia, Turquia e Lapônia foram os locais para onde mais de duas dezenas de voluntários se encaminharam inicialmente. Em 1792, 65 anos após a vigília, 300 missionários haviam sido enviados até os confins da terra. Vidas como as de João Wesley e William Carey e organizações como a Sociedade Missionária de Londres (1795) e a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira (1804) foram impactadas e fizeram diferença na disseminação das missões ao redor do planeta.
As missões protestantes modernas tiveram seu início com o batista William Carey (1761-1834). Carey teve uma infância pobre, numa família que vivia com dificuldades. Ávido leitor, tendo uma saúde precária, ele aprendeu o ofício de sapateiro. Aos poucos, foi desenvolvendo três profissões: sapateiro, professor e pastor. Casado, enfrentou problemas domésticos com a morte de um filho e a falta de equilíbrio emocional da esposa, mas nada o desviava do foco: levar Cristo às nações, representadas na sua oficina de sapateiro por um mapa mundial, onde incluía informações manuscritas sobre população, flora, fauna, características dos indígenas e outras. Procurou então influenciar pessoas e lideranças, tendo encontrado grandes dificuldades iniciais, até que conseguiu a fundação da Sociedade Missionária de Londres no final do século XVIII. Em 1793, após idas e vindas, William Carey partiu para a Índia, fixando-se em Serampore, onde desenvolveu notável trabalho. "Espere grandes coisas de Deus; faça grandes coisas para Deus": esta frase dita por ele resume bem sua vida.
Em 1812, enquanto Carey ainda pregava na Índia, Adoniram e Ann Judson viajaram para lá em lua-de-mel. Haviam sido indicados como missionários pela recém-criada Comissão para Missões Estrangeiras da Igreja Congregacional dos Estados Unidos. Acompanhava-os na viagem Luther Rice, também um missionário. Durante a viagem, liam a Bíblia e discutiam, principalmente sobre o batismo. Em seus estudos teológicos, Judson acabou chegando à conclusão de que os congregacionais estavam errados sobre a forma do batismo, e os batistas, certos. Ao chegarem à Índia, foram batizados por imersão e, impedidos de pregarem naquele país, partiram para a Birmânia, onde o casal realizou um grande trabalho. Luther Rice voltou para a América, para apresentar aos congregacionais a demissão do trio e mobilizar os batistas para missões.
Criado em um lar metodista, Hudson Taylor (1832-1905) havia sempre ouvido histórias sobre a China contadas por seu pai, que era pastor. A obra de Robert Morrison em Guangzhou em 1807 foi parte do que ele ouviu até os dezessete anos, quando se converteu e sentiu seu chamado. Estudou medicina, teologia, e tudo o que pode sobre a China. Taylor tinha 22 anos quando chegou a Xangai, em 1854. Sem falar chinês, sem ninguém que o recepcionasse e com uma guerra civil acontecendo bem nos arredores da cidade, Taylor perguntou no consulado britânico sobre conhecidos missionários ocidentais; um havia morrido, outro voltara para casa; Taylor finalmente localizou o dr. Walter Medhurst, da Sociedade Missionária de Londres. Foi difícil acostumar-se naquele país de cultura tão diferente da britânica, mas ele conseguiu se identificar com o povo, começando pela roupa: "Estou plenamente seguro de que as vestimentas nativas são um pré-requisito absoluto", escreveu ele, surpreendendo seus amigos na Inglaterra. Em vez de impor sua cultura ao povo chinês, Taylor preferia aculturar-se a eles para ser bem aceito. Partindo de Xangai nos anos iniciais, aprendeu o idioma, traduziu as Escrituras e até dirigiu um hospital. Após algum tempo, de volta para a Inglaterra, Taylor escreveu livro, fez palestras e influenciou pessoas para o trabalho missionário, conseguindo levar 16 novos missionários com ele de volta para a China em 1866. Quando Taylor morreu, em 1905, havia 205 campos missionários, 849 missionários e cerca de 125 mil cristãos chineses.
Desde adolescente, David Livingstone (1813-1873) entendia que fé e ciência deveriam andar juntas. Um panfleto chamando médicos missionários para a China atraiu sua atenção, mas as circunstâncias políticas não eram favoráveis ao empreendimento. O trabalho pioneiro do missionário Robert Moffat no sul da África abriu para ele uma nova opção. Por dez anos, Livingstone trabalhou entre o povo tswana e viu apenas um convertido. Atacado por um leão, ele ficou seriamente ferido, sendo cuidado por Mary, a filha de Moffat, com quem acabou se casando. Livingstone viu que as condições para o evangelismo na África eram ruins e não concordava com o sistema usado pelas equipes. Falta de conhecimento sobre a cultura africana e más experiências com os mercadores de escravos eram barreiras para o evangelho. Deixando sua família em segurança na Inglaterra, Livingstone partiu em nova expedição para atravessar o continente africano. Começando pelo rio Zambeze, procurou uma rota fluvial que cruzasse o continente do oceano Índico até o Atlântico. Viajando rumo a oeste, tendo enfrentado doenças, secas e ataques de tribos hostis e de animais selvagens, Livingstone alcançou o Atlântico em 1854. Refez a viagem para leste, por outra rota, alcançando a costa do oceano Índico dois anos depois. Voltou, então, para a Inglaterra, sendo recebido como herói, em façanha equivalente na época à exploração espacial dos dias atuais. Livingstone estabeleceu uma nova visão geográfica de comércio e de erradicação da escravidão em seu trabalho missionário; “Viagens Missionárias”, livro por ele escrito em 1857, teve grande repercussão. Livingstone voltou à África ainda uma vez mais, como agente do governo britânico, mas seus empreendimentos não foram bem sucedidos e sua vida familiar com Mary tornou-se mais difícil, culminando com a morte da esposa. Retornando à Inglaterra em 1864, porém, teve uma recepção oposta à anterior, fato que o levou de volta ao seu amado continente africano, para novas incursões e tentativas de descobertas. Anos após, sem muita informação a respeito do explorador, o repórter Henry M. Stanley, do jornal New York Herald, o descobriu em 1871, no lago Tanganica, mas não foi capaz de convencê-lo a voltar para casa. Livingstone morreu em 1873. Seu coração foi enterrado na África e seu corpo voltou para a Inglaterra, onde foi sepultado com honras na abadia de Westminster.
Livingstone, Taylor, Judson, Carey e outros criaram condições iniciais para o crescimento do cristianismo nos continentes africano e asiático.