Ecumenismo é um movimento que busca a união de todas as igrejas cristãs, em um apelo à unidade de todos os povos contido na mensagem do Evangelho. Ecumênico, vindo de radical grego, significa "mundial, geral ou universal", tal como o termo católico, que vem do latim. O movimento ecumênico surgiu oficialmente a partir da Conferência Missionária Mundial, realizada em 1910 em Edimburgo, na Escócia, sendo sua principal expressão atual o Conselho Mundial de Igrejas, criado na Holanda em 1948.
Na oração sacerdotal, Jesus orou por seus discípulos ao Pai, “para que sejam um, assim como nós”. Estendeu ainda sua oração a nós, no século XXI, quando disse: “Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”. Jesus desejava unidade para os seus seguidores e sua Igreja.
Coesão, solidariedade e amor fraternal eram marcas iniciais da igreja em Jerusalém, ideais esses que logo foram atenuados por diferentes razões, como o surgimentos de divisões entre judaizantes e helenistas ainda em Jerusalém, entre cristãos latinos e gregos e, mais tarde, entre católicos e protestantes, no século XVI, além de muitas outras cisões ao longo dos séculos.
O movimento de missões mundiais empreendido pelas igrejas protestantes europeias e norte-americanas a partir do século XIX alertou os missionários, trabalhando em diferentes partes do mundo, para a dificuldade de testemunhar do evangelho de Cristo em meio a tantas divisões e competições. Tempos depois, surgiu a reunião de Edimburgo. No entanto, diferenças entre tradicionalismo e liberalismo, por exemplo, tornaram o processo bastante problemático. Aos poucos, questionamentos teológicos mais amplos foram surgindo, tornando o debate mais aberto e radical. O caráter único de Cristo como Salvador e da fé nele como condição indispensável para a salvação foi questionado, entendendo alguns que as outras religiões mundiais também são caminhos válidos para Deus e negando o evangelho de Cristo como o único caminho. O ecumenismo passou a ter uma amplitude ainda maior que a inicial de união cristã.
As missões passaram a ser vistas sob novos ângulos, relativizando-se a importância da Bíblia, de Cristo e do evangelho e entendendo-se a missão da igreja não apenas como reconciliação com Deus, mas de libertação social e política de pessoas e grupos marginalizados das situações de sofrimento e opressão em que vivem. Surgem daí as questões de libertação nacional, de luta das minorias étnicas, raciais ou religiosas, além do envolvimento de movimentos como o feminismo e o homossexualismo.
Visando à união das igrejas cristãs, o ecumenismo tem-se tornado motivo de discórdia e separação, com igrejas que a ele se associam defendendo uma sociedade mais permissiva. Apesar dos desvios do movimento ecumênico majoritário, no entanto, o ideal da cooperação e do testemunho conjunto deve continuar sendo objeto dos interesses e esforços dos cristãos de boa vontade. Todavia, é importante que isso seja feito sem se abrir mão das convicções centrais que caracterizam o cristianismo bíblico.
Desde a Reforma Protestante iniciada em 1517, houve tentativas de reaproximação entre o catolicismo e seus descendentes mais diretos, como anglicanos, luteranos e ortodoxos. Lutero, Calvino e outros reformadores iniciais entendiam a separação do cristianismo como necessária naquele momento, mas criam que o catolicismo poderia ser convencido a discutir divergências, anulando a cisão. No entanto, com o Concílio de Trento, Roma fechou as portas para que tal acontecesse. No século XX, houve novas tentativas de reaproximação, com reuniões e grupos criados, culminando com o Concilio Mundial de Igrejas, com sede em Amsterdã na Holanda, em 1948. O Vaticano adotou a ideia e a encíclica "Ad Petri Cathedram", do papa João XXIII (1958–1963) convidava todos os "irmãos separados" a unirem-se à "Igreja Mãe". O Concílio Ecumênico Vaticano II, em seu decreto "Unitatis Redintegratio" no capítulo intitulado "Os princípios Católicos do Ecumenismo", reforçou esse desejo.
No portal virtual "solascriptura", o texto “Os perigos do ecumenismo”, escrito pelo pastor Waldir Ferro, afirma: “Uma igreja acostumada a prevalecer, não pela razão, mas pela imposição de uma religião estatal, desde o tempo de Constantino em 313, nunca pôde ver com bons olhos a perda de influência e de poder”. Segundo o ex-padre Anibal Pereira Reis em seus livros “O Ecumenismo” e “O Ecumenismo e os Batistas”, a mudança de atitude do catolicismo romano para com as demais igrejas, numa tentantiva de reaproximação, data da tendência de o estado laico assumir as escolas públicas, bem como do desenvolvimento da mídia, (jornais, revistas, rádio, TV e modernamente internet), tornando-se ela formadora de opinião. Como a igreja queria manter sua influência junto à juventude, a atitude de oposição e conflito com os evangélicos e seus líderes foi mudada por orientação de Roma. Treinamento foi dado aos padres a partir dos anos 1960, e a igreja buscou tornar-se mais acessível ao povo e aos pastores. Trabalhos em conjunto na sociedade e ajuntamentos de cunho religioso, os “cultos ecumênicos”, passaram a ser promovidos, com o representante católico colocado em posição superior aos demais, como representante da "igreja mãe".
Dogmas ou doutrinas sobre o pecado, a salvação, o Espirito Santo, a igreja e outros temas têm sido obstáculos para que movimentos ecumênicos realmente prosperem, pois, após as heterodoxias introduzidas no cristianismo pelo catolicismo, após os movimentos reformadores da igreja que resultaram em um grande número de igrejas que interpretam a mesma Bíblia de forma diferente, após o surgimento do pentecostalismo mais recentemente, (o qual dividiu a igreja em duas partes, quais sejam, os carismáticos de um lado e os tradicionais do outro), é preciso que o cristão, seja da igreja que for, busque fortalecer sua fé e conhecer as bases da sua crença, nunca deixando a Bíblia de lado, mas buscando nela a verdade personificada no próprio Senhor Jesus Cristo. Além disso, cremos que o que se deve buscar hoje é uma “unidade na diversidade”, mantendo cada grupo o que lhe é peculiar, mas atendo-se à essência do cristianismo, sem a qual ele não existe. Não é fácil definir-se o que é essencial e o que é acidental na fé cristã, assim como não se devem julgar os diferentes grupos dentro do cristianismo, separando-se o joio do trigo. A Igreja precisa continuar, mesmo reconhecendo que, no século XXI, há muito joio pregando o evangelho, assunto que proximamente deverá ser abordado.
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